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sábado, dezembro 10, 2005

 

"Foi o público, foi o ambiente, foi a maré vermelha, foi aquele clamor em crescendo até à tremenda explosão final que me impressionou. O regresso do ‘Inferno’! Eu não sou do Benfica mas sempre tive, digamos, um respeito especial pelas noites europeias da Luz: vi muitos jogos no estádio antigo e acho que o Benfica partia com meio golo de vantagem por conta do terceiro anel. Em noite de enchente (era quase sempre), aquilo impressionava e empolgava qualquer um: que fervor, que mística, que urro prodigioso descia daquela bancada! Não sei se se lembram, mas na 2.ª mão da meia-final com o Marselha (Abril de 1990), antes de o jogo começar, o Eusébio foi sozinho ao centro do campo e pôs-se a dar socos no ar, a convocar o ‘Inferno’. 120 mil pessoas começaram a gritar Ben-fi-ca!, Ben-fi-ca!, Ben-fi-ca! e a bater com os pés no cimento ao mesmo tempo. Eu estava na tribuna de Imprensa a ver aquele espectáculo simultaneamente sublime e aterrador ao lado de um jornalista francês do ‘Le Meridional’, e o desgraçado disse logo – “Estamos f...”. Assim foi. A mão de Vata. Com o Manchester United deu-se o regresso desse ambiente que fez a lenda das noites europeias da Luz. A enchente, a mole vermelha, o frenesim semelhante ao dos anos áureos. O ‘Inferno’ da Luz ressuscitado em boa hora e aposto que os jogadores do Benfica sentiram a diferença – eles bateram-se com determinação e generosidade equivalente ao apoio que lhes chegou das bancadas – maciço, incondicional, sentido." André Pipa, 'Correio da Manhã'

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