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quinta-feira, maio 13, 2004

 

Não se pode repetir!!! Cerca de nove horas para adquirir o rectângulo mágico para o Jamor num cenário confuso onde polícia, adeptos e direcção encarnada partilham culpas! Passavam poucos minutos das 5h da manhã quando estacionei o carro junto ao showroom do Estádio da Luz. Antes de me dirigir para a fila desci até ao showroom, cuja porta a direccção encarnada deixou aberta durante a noite para que as pessoas tivessem acesso às máquinas de café, bebidas e chocolates. Na escadaria entre 100 a 150 pessoas dormiam. Voltei para cima e coloquei-me na fila, convicto que o mais tardar às 10h30 (as bilheteiras abririam às 10h) estaria despachado. Á minha frente encontravam-se não mais de 250/300 pessoas. No entanto, tal não aconteceu. Quando cerca das 10 horas cheguei ao topo das escadas, o escasso número de pessoas tinha-se multiplicado e ultrapassavam largamente o milhar... Grupos que antes tinham 3/4 pessoas eram agora de dezenas e era claro que centenas de pessoas se tinham infiltrado na curva aproveitando a distracção dos restantes. A falta de civismo dos portugueses vinha ao de cima e tornava-se visível que nem o espaço de venda era o mais indicado, nem a direcção encarnada se preocupara o suficiente com a organização do mesmo. Polícia então nem vê-los... Às 10h10 chegaram 2 agentes que tentaram colocar ordem junto à entrada do showroom e já perto das 11h chegaram mais 10 efectivos que se colocaram estrategicamente junto ao portão das escadarias e no topo das outras escadas por onde saía quem já detinha o(s) bilhete(s). Entretanto eram 11h e corriam os primeiros boatos que os bilhetes de 20€ se encontarariam esgotados. Estranho? Não se considerarmos o número impressionante de pessoas que chegava com 100/200 cartões de associado nas mãos. É compreensível que responsáveis pelas Casas do Benfica espalhadas por esse país, e que tanto trabalham em prol do Benfica, adquiram o maior número de bilhetes possíveis para aqueles que não têm hipótese de se deslocar à cidade de Lisboa a meio da semana, mas não se admite que os responsáveis da Benfica Estádio não definam um limite máximo! Entretanto, quem esperava divertia-se como podia... Fosse gozando com aqueles que tentavam aldrabar o polícia do portão (ele era a camisola que ia comprar, ele era as quotas que tinha por pagar) para chegar ao tão ansiado bilhete, fosse com a própria polícia que cerca do meio-dia começou a descarregar grades que, obviamente, àquela hora de nada serviram... E foi a partir deste momento que se começou a perder a paciência! O espaço entre o showroom e o portão ia ficando cada vez mais desimpedido e a polícia divertia-se com o teste de paciência que ia fazendo aos adeptos. Desci até junto do portão onde pedi a um dos agentes que chamasse um responsável da Benfica Estádio. O dito foi-me ignorando até que lhe perguntei "se estava a gozar com a minha cara". Respondeu então que não tinha rádio e depois de esclarecido que não era com o seu superior que queria falar mas sim com um responsável do Benfica, disse-me que nenhum dos efectivos ali presentes, incluindo os dois que afastados se encontravam em amena cavaqueira, se podia afastar do portão, acrescentando que não fazia parte da sua função ir chamar pessoas... Voltei para o meu sítio onde permaneci imóvel durante 1 hora e meia enquanto um responsável da polícia à paisana descia e subia sem dar qualquer ordem efectiva e centenas de pessoas iam descendo pelo lado esquerdo da escadaria (a fila encontrava-se junto ao muro do lado direito) aglomerando-se junto ao portão e passando à frente de todos sem que a polícia tomasse qualquer tipo de medida. E pior, continuou a ignorar os protestos dos presentes só se movendo quando já de todo o lado choviam insultos às suas pessoas. Confesso que nunca na minha vida estive tão perto de ir preso... O que é certo é que a partir de então, talvez com medo que das palavras se passasem a actos, lá começaram a tentar organizar as coisas. E perto das 14h eu, e as cerca de 30 pessoas com quem desde as 5h da madrugada partilhava a fila, lá consegui passar o portão com o aviso que apenas restavam 1000 bilhetes. Enquanto aguardava a entrada no showrom tive então a oportunidade de falar com o senhor Carlos Colaço, responsável da Benfica Estádio, que se desresponsabilizou do caos instalado com o argumento que do portão para cima a responsabilidade era da PSP, visto tratar-se de um espaço público, salientando que a direcção encarnada pedira a sua presença para as 7h da manhã. Daqui se retira que há uma total falta de sintonia e estratégia entre ambas as entidades e que, como habitual, quem se lixa é o povinho... Antes de terminar queria sublinhar que às 11h já se encontravam candongueiros em plena actividade!

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